Conheça alguns aspectos que indicam que algo pode estar fugindo do controle e você talvez não tenha percebido.
Quando estabelecemos uma relação com alguém, temos como base a confiança. Seja em relações pessoais, seja na contratação de pessoas para a equipe ou estabelecendo alguma parceria com outra empresa. Não costuma passar pela nossa cabeça, ao menos, inicialmente, que a pessoa é corrupta.
Mas muitas vezes somos surpreendidos com situações que vão contra princípios esperados na sociedade em geral e ainda, ao levantarmos os motivos, temos em retorno algo como “mas sempre se fez negócios assim”, ou “fui coagido, não pude fazer nada”, “ninguém vai sair prejudicado”, ou ainda “ninguém vai saber / não vamos ser pegos”.
Como forma de combater essas situações, claro que o melhor é prever que essas são possibilidades reais. Isso você pode começar exercitando seu pensamento de riscos e trabalhando as ações preventivas, pois como diz o ditado, é melhor prevenir que remediar. Nós temos um artigo sobre gestão de riscos que você pode ler clicando aqui.
E complementando, há alguns indicadores que devem ser percebidos e ajudam a manter atos corruptos longe da empresa.
– Não querer assinar contrato com cláusula anticorrupção ou afrouxar punições estabelecidas
– Não querer formalizar pautas de reunião, mantendo acordos verbais
– Ter “conhecidos” que podem acelerar processos
– Solicitação de pagamentos e reembolsos sem devidas confirmações e/ou ligações com projetos conhecidos e controlados
– Quando se trata de assuntos de compliance, atitudes como:
“Isso é bobagem, ninguém trabalha assim”
“Ah, agora todos têm códigos, mas ninguém segue de verdade”
– Quando se trata de processos e/ou burocracias:
“Já me conhecem, vão/ vou dar um jeito”
“Essa lei “não pegou”, não se preocupe”
“Já conheço o concorrente, pode deixar que falo com ele e dou um jeito”
“Conheço uma pessoa que vai me falar o que precisamos para ganhar esse contrato”
“Um “agrado” a essa pessoa e tudo se resolve”
– Quando há flagrante:
“Isso não é nada, não se preocupe”
“Ah, você não faz isso? É fácil, venha ver como conseguir aumentar o reembolso / bônus / margem”
Ao ouvir, presenciar ou tomar conhecimento de situações com essas descritas, tome as medidas cabíveis, denunciando, parando o processo, envolvendo superiores e impedindo que a corrupção ocorra e se alastre pela empresa, corroendo a reputação da empresa e dos profissionais que atuam em seu nome.
Lembrando que tudo nisso pode ser ouvido de equipe própria, terceiros, parceiros, clientes, concorrentes e qualquer outra relação da empresa, então, todos os colaboradores devem ser treinados periodicamente, para estarem sempre atentos, saberem como agir e especialmente para que haja o fortalecimento da cultura de integridade.
É dever de todos, como sociedade, tomar ações contra a corrupção. E é um dever dos líderes, alta direção e empresários, ter controles sobre seus processos para que a corrupção não ocorra dentro de suas organizações e equipes.
Autora: Carolina Thomé Utida
Diretora e auditora líder da CertiGov
Especialista em sistemas de gestão