Compliance vira fator de sobrevivência no setor de TI

Quem não comprovar que tem processos transparentes e controla seus riscos estará fora do radar do mercado em alguns anos, seja no setor privado ou público. Essa é a percepção de um número cada vez maior de empresas de tecnologia que atuam como canais ou representantes de fabricantes globais. Além das leis estaduais e municipais que exigem padrões de conformidade de seus fornecedores, grandes players internacionais que atuam no Brasil têm evitado relações com quem não for capaz de provar sua integridade.

A HP Enterprise foi uma das primeiras a fazer essa exigência a toda a sua cadeia. Desde o ano passado, a obtenção do certificado CertiGov – selo específico que atesta a qualidade dos processos anticorrupção e antissuborno para vendas ao poder público – passou a ser obrigatório para quem atua com a companhia. Do início de 2018 até outubro deste ano, 61 empresas conquistaram o certificado, 34 apenas em 2019.

Canais de ouvidoria, documentação de processos e códigos de conduta se tornaram parte do dia a dia de empresas como a Techlead, que atua com Tecnologia da Informação (TI) há 15 anos nas regiões Norte e Nordeste do País, nos segmentos de infraestrutura, desenvolvimento de sistemas e analytics. Parceira da HP, Dell, Oracle, IBM e VMware, entre outras, a Techlead obteve o CertiGov no segundo semestre de 2018. “Achamos a exigência do selo bastante aderente à realidade que vivemos. Passamos por um processo de transformação no Brasil, e a preocupação com compliance é crescente. As empresas entenderam isso”, afirma seu diretor de Tecnologia, Allyson Andrade Brito.

Segundo ele, a conformidade traz duas vantagens importantes: construção de reputação e mitigação de riscos. “O mercado percebe, você se torna mais interessante para fazer negócios, e todos se protegem. É um caminho positivo e sem volta.” Cerca de 80% das vendas da companhia são para o setor público, e Brito prevê uma expansão de 25% nessas transações no futuro. “Há uma renovação no mercado, com muitas oportunidades”, avalia.

Esse movimento tem sido percebido também pela ISH, criada há 22 anos e com sede em Vitória (ES). Com diversos projetos de infraestrutura de TI no País, a companhia tem se voltado para a cibersegurança – cuja importância é cada vez maior, dado o alto grau de tecnologia incorporado no dia a dia das pessoas e corporações. E não é à toa: segundo dados da consultoria Juniper Research, os prejuízos decorrentes de falhas de segurança deverão atingir US$ 2,1 trilhões em todo o mundo este ano.

“As compras do governo passaram a ter grande representatividade em nossa carteira. Somadas ao movimento anticorrupção na sociedade brasileira, elas nos levaram a buscar um diferencial na certificação”, aponta o assessor jurídico, de governança e compliance da ISH, Everson Teixeira Moreira. Ele conta que a empresa já se preparava desde a promulgação da Lei Anticorrupção (lei 12.846/2013). “Nosso processo de certificação começou em maio, e em julho recebemos o CertiGov”, diz, acrescentando que o selo deu à ISH a certeza de estar totalmente preparada para atender às exigências do poder público.

“A adesão a padrões de conformidade e o alinhamento às melhores práticas se tornaram um importante fator de competitividade para empresas de todos os portes, especialmente depois da Lei Anticorrupção, que instituiu penalidades a quem se envolve em atos de corrupção junto a órgãos do governo nas esferas federal, estadual e municipal. A auditoria criteriosa feita para obter o CertiGov dá a segurança de que os esforços foram bem empregados, e comprova para o mercado a seriedade da empresa”, afirma a diretora-executiva do CertiGov, Suzana Oliveira.

Sobre o CertiGov

Desenvolvido pela Paseli Consulting, consultoria independente especializada em vendas para o governo, o selo CertiGov auxilia empresas que participam de licitações por meio do estímulo a uma cultura ética, anticorrupção e antissuborno em seus canais de operação, de revendas e nos seus parceiros, alinhando-os aos mais altos padrões de integridade e conduta. Ele consiste em um conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria, controle e incentivo à denúncia de irregularidades, e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com o objetivo de detectar fraudes e irregularidades.